segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A arte de enterrar.

Lembra akele cd de músicas de fossa que eu disse que gravei quando comecei um relacionamento há quase 1 ano? Pois bem, acho que de tanto ouvir, furou.

Foi lindo, maravilhoso, podia dizer que foi perfeito. Tivemos 2 ou 3 brigas mais ou menos sérias, mas que foram resolvidas com muito carinho, diálogo e muito amor.

Deu certo? Deu sim. Tanto que incomodou. O ser humano é podre, a felicidade incomoda, machuca quando não acontece com a pessoa.  Mas tudo bem.

Foram dias de muito carinho, muito amor, tesão, cumplicidade. Fui namorada, amante, mulher, amiga, companheira. E em troca recebi um homem maravilhoso, que foi tudo akilo que eu sempre sonhei e achei que não existia.

Só de olhar, ele já sabia o que se passava dentro mim. Adivinhava meus pensamentos, meus desejos e vontades. Quando eu mordia o lábio inferior, sabia o que eu queria. Quando colocava a língua nos dentes de cima, já ficava esperando alguma explosão. Conseguia ler a minha mente, meu corpo, meus gestos. Nunca me desnudei tanto para uma pessoa. Nunca alguém soube tanto de mim quanto ele.

Foi uma troca, ele me conhecia aos poukos e eu o conhecia também. Sabia que ele, ao trincar o maxilar estava prestes a perder a linha. Quando estava tentando esconder alguma, sempre olhava pra cima à esquerda até me encarar de novo. Aí, bastava falar, "desembucha, fala logo", e toda verdade vinha a tona. Quando apertava os olhinhos....ah...quando ele apertava o olhinhos era maravilhoso! Melhor esquecer essa parte.

Foram dias de romance, paixão, tesão, surpresas, Eu amei suas histórias de vida, que eu tinha quase que arrancar pra saber. Amei sua risada grossa e gostosa. Amei seu jeito tímido ao falar que era apaixonado por mim. Amei quando me disse a primeira vez "Eu te amo". Amei sua preocupação comigo. Amei seus cuidados. Amei fazer amor com ele. Amei até quando me disse "acabou". Amei e chorei nessa hora.

Doeu, machucou. Parecia que tinha rasgado alguma coisa dentro de mim. E o pior, chorou também. Chorou junto, Me abraçava e chorava. Parece que estava sentindo a mesma coisa que eu. Ficamos perdidos(ainda estou perdida).

Choro, mas aos poucos o choro vai ficando mais calmo a cada dia. Dói muito ainda. Não sei se essa dor vai durar 1 dia, 1 mês, um ano ou uma encarnação. Não sei.Só sei que acordo cada dia ainda pensando nele.

Já não tenho esperança que volte. Por isso, resolvi que hoje vou enterra-lo. Deve existir alguma parte no meu cérebro que seja um cemitério. Que eu possa enterrar as lembranças, os beijos, os abraços que eu costumava dizer que eram tão fortes, que se eu tivesse alguma coisa quebrada por dentro iria juntar os pedaços. Quero enterrar a sensação de deitar no peito dele e me sentir protegida contra tudo e contra todos.Quero enterrar a alegria de ver ele chegando e a tristeza quando ia embora, mas que voltaria. Quero enterrar a lembrança de passarmos acordados para ver a noite acabar e o nascer um novo dia, um novo ano. Quero enterrar o seu jeito de me olhar, a forma que apertava os olhos. Quero enterrar os beijos molhados pela água do chuveiro. Quero enterrar todos os momentos que passamos juntos.

É muito difícil saber que vou estar em outros braços, beijar outras bocas, sentir outros cheiros que mesmo o perfume sendo o mesmo, fica diferente, não é ele, não tem o mesmo aroma que mexe comigo.

Bem, comecei hoje o velório, espero amanhã enterrar de vez e com isso a dor acabar. Estou me enganando? Não sei, nunca sofri assim. Vou pagar pra ver.

Só desejo uma coisa: Já que ele deixou de gostar de mim, que um dia, apareça na vida dele alguém com o mesmo perfume que o meu.



É, em algum momento ou definitivamente, as pessoas sempre chegam. Talvez seja a melhor coisa do mundo. Como nakele texto que não me lembro direito, dakela pessoa que não me lembro também que é. "No final a gente acaba mesmo numa esquina qualquer lembrando de alguém que um dia chegou e depois foi embora..."


Bjs

Andrea Christine

Ps.: Quanto ao cd com as músicas pra se debulhar em lágrimas, não preciso nem gravar outro, pois ainda é muito fácil chorar.













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